Dono do rastro branco no céu
que voava entre nuvens de algodão
rasgando como flecha seu véu
ao avançar veloz como um gavião
Com suas asas a luz do sol cobria.
Quando queríamos, dava-nos sombra
e ao seu vôo rasante, tufões fazia
para espantar tudo que nos assombra.
Por muito, sempre nos quis proteger
do mal e dos maus, da liberdade, não!
Mas seu poder não o impediu de descer,
forçado por Deus, como nós, ao chão.
Sentiu o prazer privado enquanto anjo
no cheiro das flores, no sabor do mel,
na fanfarra com flauta, tambor e banjo.
Perguntei-o "Agora és humano, Sitanel?"
E ele respondeu-me silenciosamente
com seu olhar triste, vazio e calado
que não era humano completamente,
pois nunca estivera apaixonado.
Vivendo conosco aprendeu e ensinou
tentando agir como alguém normal.
Mostrou que seu corpo desimortalizou,
mas seu espírito, como o nosso, é imortal.
Já havia feito mais que nos defender
quando nos capacitou para enfrentar
os desafios que venham a aparecer
e as tragédias que não podemos evitar.
Faltava apenas trabalhar o Cupido,
porque de todas setas nele lançadas
nenhuma teve seu coração atingido,
só pernas e nádegas foram acertadas.