sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Fel da Dor

Desfaz-se do doce ardor do fel
a viciosa delícia da dor,
que esguicha vermelha do corpo
e tinge sua pele sem cor.

E como um paladino, cavalgo
por estes trilhos do pecado
quais reluzem espadas cortantes
nos rostos de dor dos empalados.

Se, fissurado em seus gemidos
torna-se maldito o que era trágico,
do amargo e quente liquido corado
torna-se o lábio ensangüentado.

Deste saboroso rato que alimenta
dá-me de provar teu valioso sumo
que pedes-me que te apimente
e teus restos faz-se estrumo.

Mas durante minha loucura
já não sabe como aproveitar.
Finge, tenta, mas não segura,
pois desaprenderas a chorar...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Respirar o Ar

Nada mais tenho a desejar,
a não ser respirar esse ar
para que eu possa expressar
que estou feliz com teu amar.

Ainda não acredito ao avistar
aquela que colore o meu olhar
com o sorriso do brilho solar
iniciando um lindo despertar.

Dêem-me o direito de respirar.
Tirem-me das palavras o rimar,
e assim posso parar de pensar
pra aproveitar contigo o luar.

Paraíso é tê-la para abraçar
com vento soprando para o mar
sem hora de sair ou de chegar
seremos o céu sob o estrelar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Embaralho

Sinto falta dos olhos euro-asiáticos de maníaca,
nunca me satisfizeram, por isso você se foi.
A partir de agora endurecerei meu coração,
nem um milhão de músicas românticas mudarão isso,
nem montando um cavalo sem nome à quarenta milhas do sol,
sobreviverei, sozinho, toda a noite, toda minha vida.
Haverá sempre algo pra lembrar-me, instinto animal,
por que te amo, por sua causa, linda.
Sua cama de rosas difere-se das camas em chamas,
deito-me entre os lençóis, por trás de seus olhos azuis.
Meus olhos negros de rosas negras choram vinho amargo,
não posso lutar contra esse sentimento, não posso parar.

Posicionamento Temporal

Não me pergunte novamente como vou,
pois saiba que vou com o que se move.
Mas se quiser mesmo saber onde estou,
certamente direi que estou no mês nove.

Embora eu tenha vindo do sexto mês,
essas voltas que o sol dá em meu redor,
já passei pelo mês seis mais de uma vez.

Sem Perceber

Na primeira noite, levantei-me leve em solo desconhecido.
Estava dormente, por completo, não sei por quanto tempo havia dormido.
Em minha mente o desejo de te ver me fez correr como vento,
Pela noite escura que nem me tocava o relento, cheguei ao teu apartamento.

E por mais alto que grite, tu não te levantas da cama.
Não atende aquele que com esforço te chama...
Apenas deixa-me perceber que o que molha tua cama
São as lágrimas daquela que ainda me ama...

Hoje sei que não há mistérios entre dois amantes sérios debaixo dos lençóis.
Sei que não há adultérios neste momento em que sós, estamos debaixo dos lençóis.
Você é a vida que sopra-me, você é a maior parte de mim enquanto debaixo dos lençóis.

Teu sonho escapa pelos vãos e vai voando pro véu do céu de mais uma noite,
Que passaremos debaixo dos lençóis. E teu sonho me diz estou tão frio:
O triste silencio de meu coração anuncia a solidão de tua oração,
Debaixo dos teus lençóis de algodão, longe dos meus lençóis de chão.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Atração

O que é isso que tanto me atrai,
usando meu coração como ponteiro
que me indica a direção que vai
aquela em que penso o dia inteiro?

Que coisa é essa que é tão forte,
confiante sempre, me dá segurança,
antes de eu cair já é meu suporte
e antes de dormir é minha boança?

É o mundo girando em torno de nós,
tudo some quando estamos juntos
mas o tempo acelera quando a sós.

Mais que feliz, esqueço a tristeza.
Mas como não pensaria em algo bom?
Meus olhos só enxergam sua beleza!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O mel do amor

Faz-se do doce sabor do mel
O delicioso vício do amor
Que escorre cremoso em seu corpo
E lambuza o seu ardor

E com o paladar percorro
Este saboroso rio amarelado
Qual reluz como ouro cintilante
Que se espalha em meus lábios

Se misturado aos seus fluidos
Torna-se divino o que era mágico
Do inebriante liquido dourado
Surge o gosto mais cobiçado

Neste saboroso prato me alimenta
Dá-me de provar teu valioso sumo
Que encanta minha mente
E Me faz perder o rumo

Mas durante minha loucura
Já não sabe o que fazer
Se contorce, se segura...
...E se entrega ao prazer

Ítalo Nievinski

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Inexplicável

Demoraram algum tempo para acreditar
que fugiram de suas grades do juízo
e voaram rumo ao brilhante paraíso,
e pra lá poderiam sempre ir e voltar.

Vivem entre a realidade e os sonhos,
completando um ao outro em abraços,
seguiram juntos ao Futuro em passos
que davam com seus rostos risonhos.

Em muito pouco tempo, se entregaram,
em tão pouco tempo, eternizaram-se.
Dois corações num amor juntaram-se
e alguns versos eles me inspiraram.

Talvez ainda sejam uma coisa secreta
que ainda não exista na humanidade.
Algo além da ciência e da sociedade,
ou então deve ser o amor de um poeta.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um Mar de Rios

Ah como é bom poder compor uma poesia
de versos rimando com a doce alegria,
que, de tão puros, o coração contagiaria
e até o mais bruto e rude leitor sorriria.

Hoje meu compor é como o fluir da água,
que antes escorria das pedras em filete,
mas os teus Rios encheram-me pra cacete
e me transformei neste Mar sem frágua.

No entanto, às vezes pareço estar frio,
não é que teu calor não me seja quente,
mas é um pouco do meu medo residente
de pensar que você abandone esse Rio.

Mas eu nunca deixarei isso acontecer,
não enquanto eu estiver do seu lado,
Pois contigo, sempre estarei abraçado
antes, durante e depois do amanhecer.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O Fim Amargo

Eu, hoje, não tenho mais lar.
Não tenho mais um trabalho,
nem família para me mimar,
nem sou coringa no baralho.

Mas eu tive tudo que quero,
e por essa razão, até agora,
ao meu coração fui sincero,
mas quando você foi embora...

Tive de mentir pra mim mesmo
que você não partiu de vez,
e um dia você voltaria a esmo,
dando de volta minha sensatez.

Minha eternidade durou pouco,
muito menos que a nostalgia.
E, para não agir como louco,
encerrarei logo esta poesia.