segunda-feira, 18 de junho de 2007

Não

Quando as nuvens dissipam-se no ar,
a paisagem torna-se conhecida e chata
e vigora a ociosidade que nos arrebata
é quando a mesmice vem nos assolar.

Não consigo ver rimas neste momento,
todas as coisas são repetidas e iguais.
Nem consigo ver o que eu queria mais,
ja entreguei-me à preguiça desatento.

E teus olhos hoje estão lacrimejantes,
chorando cristais em meu coração
cortando meu peito como diamantes.

Te olho com o que me restou de visão,
peço-te que inspires-me como antes,
então tu, musa, respondes-me "não".

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Homem de Lata

Homem de lata, lata brilhante,
brilha tua casca dura de ferro,
tua voz não chega perto do berro
e tua respiração é ofegante.

Desta armadura que vestes é,
a pessoa por ela protegida
e a pessoa que a tem erguida
no peso que apoia em teu pé.

Retire-a e ficarás mais ligeiro,
descanse teu coração vermelho
na sombra do nosso salgueiro.

O fado que força teu joelho
é tua propria face, cavaleiro,
pois o metal torna-se espelho.