É meia noite, caminho ao meu lar.
As minhas mãos levam o jantar,
em meus pés, lerdeza ao caminhar
sob a suave luz do prateado luar.
Aos passos, avanço na rua deserta.
Ouço sons que minha barriga ronca,
já imaginando o tamanho da bronca
pela minha morcegagem, na certa.
Mas a maior punição viera antes:
das sombras das paredes do canto,
surge todo motivo do meu espanto:
o mesmo de muitos outros navegantes.
A Surucucurutujararacaracascavél,
uma cobra de cinco cabeças. E mais,
com três asas e trinta e um rabos atrás
de sete sovacos com extremo xexéu.
Encurralado na parede chapiscada,
procuro uma forma para escapar,
mas justo antes de pensar em pensar
a feia visão deixou a bunda cagada.
Mas um raio cai em forma de idéia,
e prontamente arremesso o jantar.
Então as cabeças começam a disputar
ovos fritos, jiló, quiabo, frango e geléia.
Aproveito para seguir a rota de fuga
evitando toda esta ferrenha disputa,
ainda portando uma ou outra fruta
para nos alimentar nesta madruga.
Finalmente chego à minha doce casa,
que para o ataque de meu coração
novamente no fogo esqueci o feijão
e o que restou da casa ardia em brasa.
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