terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Poeta Sem Rosto

Como deve ser a vida de um poeta sem rosto?
Como é que pode haver alguém desfaceado?
Como é que lhe faremos um retrato falado?
Será que quando ele sai à rua, sai exposto?

Como viveria então sem lábios para beijar?
E sentiria ele o vento a acariciar sua pele?
E teria ele como ver o que os olhos flagele?
E não teria sobrancelhas para levantar?

Por mais alto tocada a orquestra mais vivace,
conseguiria ouvir os sons do que você gosta?
Às minhas duvidas, dou a minha resposta:
Porque um poeta não precisa de uma face.

A inspiração do poeta não vem só da matéria.
A inspiração do poeta não vem só do mundo.
Não vem apenas da superfície ou do profundo,
mas se tivesse uma cara, seria alegre ou séria?

O poeta sem rosto que agora possa ter existido
não necessita ter vivido uma vida para ser,
nem dos seus sentidos precisa para saber
que mesmo sem face, não é um desconhecido.

Nenhum comentário: