domingo, 7 de dezembro de 2008

O Viajante

Venha tempo, passe por mim! Derrube este velho bêbado de cima desta locomotiva!
Venha vento, agite o capim! Empurre neste velho bêbado toda essa alva neblina!
Os galhos das árvores não são os geradores das cicatrizes mais profundas,
a cola nos cartazes só nos serve pra atrapalhar a limpar nossas bundas!

Cale a boca e desça daí, seu velho biruta e filho duma prostituta!
Se eu tiver que subir aí em cima, vou te jogar daí! Escuta!

Pode vir, seu sertanejo afeminado do traseiro calejado!
Soube que você é a famosa bicha-louca do serrado!

E antes de Tonhão da Roça lhe encostar a mão,
surpreendido pelo que precede a escuridão,
o velho bêbado foi arremessado ao chão.
Nem teve tempo de gritar "não".

Está agora nos trilhos caído,
ganhou um crânio partido
do tunel das encostas
que deu as costas.

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